Mães solo lutam por direitos dos filhos na Justiça lenta
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No Brasil, cerca de 11 milhões de mulheres criam seus filhos sozinhas, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2022. Muitas delas enfrentam a ausência completa do pai da criança, tanto no cuidado quanto no sustento, assumindo sozinhas a responsabilidade pela educação, saúde e desenvolvimento dos filhos. O cenário é agravado por longas jornadas de trabalho e pela falta de uma rede de apoio eficaz, o que aumenta o desgaste físico e emocional dessas mulheres.

Um dos maiores desafios relatados é a morosidade da Justiça. Os processos que envolvem pensão alimentícia e guarda costumam ser lentos e burocráticos. Mesmo quando há decisões favoráveis, os valores estabelecidos frequentemente não cobrem o básico necessário para a criança. O tempo de espera por uma sentença, muitas vezes, compromete diretamente a segurança financeira da família. Algumas mães relatam que, diante da demora e do desgaste emocional, acabam desistindo da ação judicial, mesmo sabendo que isso representa a perda de um direito dos filhos.

Outro obstáculo enfrentado por mães solo é a dificuldade de o à Justiça. Em diversas cidades não há Defensoria Pública, e os serviços de assistência jurídica existentes não dão conta da demanda. Muitas mulheres precisam enfrentar filas durante a madrugada para tentar atendimento, e nem sempre conseguem uma vaga. A falta de informação sobre os próprios direitos também contribui para a vulnerabilidade dessas mães, que acabam sem amparo adequado.

Dados do Censo 2022 do IBGE mostram um aumento no número de famílias chefiadas por mulheres. Quase metade dos lares brasileiros, 49,1%, é liderada por mulheres, um crescimento significativo em relação a 2010, quando o índice era de 38,7%. O número é ainda maior nas regiões Norte e Nordeste, onde ultraa 50%. Também cresceu o número de famílias monoparentais, compostas por apenas um dos pais e os filhos, o que reforça a urgência por políticas públicas voltadas a essa realidade.

Especialistas alertam para a falta de políticas públicas que amparem essas mulheres. Muitas vezes, elas precisam contar apenas com sua força e resiliência para garantir uma vida digna aos filhos. A ausência de medidas eficazes de proteção, agilidade no Judiciário e serviços públicos de apoio tornam a maternidade solo uma experiência marcada por sobrecarga, insegurança e injustiça.